terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dádivas do Mar

Ler é um dos momentos mais serenos e belos da nossa vivência. Confesso que não saboreava um livro há muito tempo, por razões que só eu posso, mas não quero explicar.

Agora que voltei às minhas leituras nem para escrever estou muito motivada e também confesso que os assuntos corriqueiros já me cansam.

Acabei de ler um pequeno livro, só de tamanho, porque de conteúdo é muito grande e talvez por isso apeteceu-me partilhar convosco uma pequena passagem para reflectir.

Chama-se Dádivas do Mar que foi escrito em 1955 por Anne Morrow Lindbergh a primeira mulher Americana a voar num planador tendo sido co-piloto do aviador Charles A. lindbergh.

na página 101 deste livro tem uma definição das relações que me encantou quando escreve:

"A "vida autêntica" das nossas emoções e relações é também intermitente.Quando amamos uma pessoa, não os amamos a toda a hora, exactamente da mesma forma, momento após momento. É uma impossibilidade. chega a ser uma mentira, se figirmos que assim nos sentimos. Contudo, é exactamente isso que quase todas as pessoas exigem. Tão pouca é a nossa fé nas enchentes e vazantes da vida, do amor, das relações, que saltamos sobre a enchente e resistimos aterrorizados quando vaza. Temos medo que nunca regresse. Insistimos na permanência, na duração, na continuidade, quando a única continuidade possível, na vida bem como no amor, se encontra no amadurecimento, na fluidez- na liberdade, no sentido em que os bailarinos são livres, mal se tocando de passagem, sendo parceiros na mesma configuração". A única segurança verdadeira está em não sermos donos de nada e em nada possuirmos, em não exigirmos nem esperarmos receber, e também não se encontra na nossa fé quanto ao futuro.A segurança de uma relação não passa por olharmos para o passado com nostalgia, nem com temor ou ansiedade para o futuroque possa reservar, mas sim em viver na relação presente e aceitá-la como é agora. Pois também as relações são como as ilhas. Temos de aceitá-las pelo que são aqui e agora, dentro das suas limitações-ilhas, cercadas e interrompidas pelo mar, continuamente visitadas e abandonadas pelas marés. Temos de aceitar a segurança da vida alada, das enchentes e vazantes, da interminitência."

O livro é assim aconselho vivamente.

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